Propriedade bilionária com pintura de Caravaggio vai a leilão e gera protestos em Roma

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Uma propriedade italiana com obra de Caravaggio será leiloada e gera protestos. Fotos: Reprodução/ YouTube

Uma vila romana que abriga o único mural de Caravaggio está passando por uma batalha legal entre uma ex-modelo da Playboy e os filhos de seu falecido marido, um príncipe italiano, e será leiloada nesta terça-feira (18).

A extensa propriedade, avaliada em 471 milhões de euros (quase R$ 3 bilhões), é uma joia barroca com lindos jardins e uma valiosa coleção de arte que, além do mural de Caravaggio, também inclui afrescos de Guercino. Os amantes da arte estão exigindo que o Estado italiano compre a propriedade, argumentando que os tesouros artísticos devem ser protegidos e disponíveis para exibição pública.

Mas o governo pode não ter o suficiente para pagar por isso – o leilão está aberto apenas para aqueles que podem colocar 10% do preço inicial de 353 milhões de euros – e os rumores de compradores incluem Bill Gates e o sultão de Brunei.

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O leilão foi ordenado por um tribunal de Roma após uma disputa entre os herdeiros do príncipe Nicolo Ludovisi Boncompagni, chefe da família que morreu em 2018. A disputa é entre a terceira e última esposa do príncipe, Rita Jenrette Boncompagni Ludovisi, uma ex-corretora de imóveis e atriz americana de 72 anos que já posou para a Playboy, e os filhos de seu primeiro casamento.

Leilão do século

Residência da nobre família Ludovisi Boncompagni por centenas de anos, o Casino dell’Aurora, de 2.800 metros quadrados, está localizado no centro de Roma, entre a Via Veneto e a Escadaria Espanhola. Sua venda está sendo realizada a portas fechadas e foi apelidada pela mídia italiana como o “leilão do século” em sua reportagem sem fôlego sobre as disputas legais em torno dele e quem poderia comprá-lo. Há quem acredite que a joia cultural deve ser preservada para a nação.

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Quase 35.000 pessoas pediram ao governo italiano que exerça “seu direito de preferência” para comprar o prédio e o Caravaggio, que está avaliado em 350 milhões de euros, de acordo com uma petição no change.org. “Assine esta petição para evitar que outro pedaço da Itália, tão bonito, seja vendido”, disse. No entanto, o preço estimado da vila representa um quarto do orçamento anual do ministério da cultura.

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O ministro da Cultura, Dario Franceschini, escreveu este mês ao primeiro-ministro Mario Draghi e ao ministro das Finanças para levantar a questão da venda, segundo relatos. De acordo com a lei italiana, o governo só pode exercer seus direitos de preferência após a venda a um particular e, em seguida, dentro de 60 dias da concorrência da venda – e pelo mesmo preço.

‘Lindo e importante edifício’

O mural a óleo de Caravaggio – Michelangelo Merisi – data de 1597 e está localizado no teto de um corredor no primeiro andar do palácio. Representa Júpiter, Plutão e Netuno com o mundo no centro, marcado pelos signos do zodíaco. “É certamente uma de suas primeiras (obras) e é muito interessante porque o assunto é mitológico, e Caravaggio pintou quase apenas obras sagradas”, disse à AFP o historiador de arte Claudio Strinati.

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O palácio era originalmente uma dependência nos terrenos da Villa Ludovisi, da qual nada resta hoje. Seu nome vem de um afresco de Guercino representando a deusa Aurora em sua carruagem. “É um edifício muito bonito, muito importante, com algumas pinturas muito bonitas”, disse Strinati, ex-curador de museu em Roma.

“Seria certamente uma coisa positiva se se tornasse propriedade pública, poderia se tornar a casa de um museu ou atividades culturais particularmente importantes.” O leilão está previsto para começar na terça-feira e durará 24 horas.

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